Por Heiko Obermuller, sócio-diretor do Duke Beach Hotel
No universo da hotelaria, o termo “hotel sustentável” tornou-se comum — mas será que ele realmente traduz o compromisso necessário para um futuro melhor? A verdade é que, ao rotularmos um hotel como “sustentável”, corremos o risco de transformar um processo contínuo em um simples destino a ser alcançado. O selo de sustentabilidade, muitas vezes, vira apenas um troféu de marketing, um título a ser exibido, e não um compromisso real com a evolução constante.
O problema é que, após conquistar uma certificação ou um rótulo, muitos hotéis se acomodam. Cumpriram as exigências, ganharam reconhecimento e, então, voltam à rotina tradicional. Afinal, por que continuar avançando se o mundo já acredita que o trabalho está feito?
Essa é uma falha de mentalidade, não apenas de linguagem. Sustentabilidade não é um estado fixo, mas uma prática diária. Não é algo que um hotel simplesmente “é”, mas sim algo que precisa ser exercitado em cada decisão, especialmente quando ninguém está olhando. Isso exige questionamento constante, reflexão desconfortável e, acima de tudo, humildade para reconhecer que sempre há espaço para melhorar.
O cenário brasileiro em 2025
Em 2025, a sustentabilidade deixou de ser apenas um diferencial e tornou-se uma exigência do mercado. Segundo dados recentes, cerca de 9% das emissões globais de carbono já são atribuídas ao turismo, e o setor hoteleiro brasileiro tem buscado alternativas para reduzir esse impacto. Entre 2009 e 2020, o turismo foi responsável por um aumento anual de 3,5% nas emissões de CO2, o que reforça a urgência de ações concretas fonte.
No Brasil, práticas como uso de energia renovável, automação para eficiência energética, reaproveitamento de água e eliminação de plásticos de uso único estão cada vez mais presentes nos hotéis que buscam se destacar. A adoção de painéis solares, sistemas inteligentes de controle climático e compra de alimentos locais e orgânicos são exemplos de iniciativas que vêm ganhando força fonte.
Além disso, a personalização da experiência do hóspede, aliada à sustentabilidade, é uma das tendências mais fortes para 2025. Segundo a pesquisa CX Trends 2025, 72% dos consumidores brasileiros preferem um atendimento personalizado e exclusivo, e muitos já priorizam hotéis que demonstram compromisso real com práticas responsáveis.
O exemplo do Duke Beach Hotel
No Duke Beach Hotel, entendemos que sustentabilidade é uma jornada contínua, cheia de desafios e aprendizados. Nosso compromisso é diário: buscamos evoluir constantemente, ouvindo colaboradores, hóspedes e a comunidade local. Investimos em energia limpa, reduzimos o uso de plásticos descartáveis, priorizamos fornecedores locais e promovemos a inclusão da comunidade em nossas atividades. Sabemos que nunca seremos perfeitos, mas acreditamos que a busca pela melhoria constante é o que realmente faz a diferença.
No Duke Beach, mais de 80% dos alimentos servidos em nosso restaurante são adquiridos de produtores locais, o que reduz a pegada de carbono do transporte e fortalece a economia da região. Implementamos sistemas de captação e reuso de água da chuva, que já proporcionaram uma redução de 30% no consumo de água potável em nossas operações. Toda a energia elétrica utilizada nas áreas comuns do hotel provém de fontes renováveis, principalmente solar, e eliminamos o uso de plásticos descartáveis em amenities e embalagens, substituindo-os por materiais biodegradáveis.
Além disso, promovemos ações de educação ambiental com nossos colaboradores e hóspedes, incentivando práticas como a separação de resíduos e o consumo consciente. Acreditamos que a sustentabilidade só faz sentido quando envolve toda a cadeia: do produtor ao hóspede, passando por cada colaborador.
Sustentabilidade não é um selo. É uma mentalidade. Uma jornada imperfeita, mas essencial. E qualquer hotel que compreende isso sabe que esse caminho nunca tem um fim definitivo.